No período entre 1918 e 1939, a economia mundial sofreu um grande abalo gerado pela crise de 1929. Na época, a economia dos EUA financiava e fornecia produtos às principias nações européias atingidas pelos conflitos da Primeira Guerra Mundial. Além disso, a miséria de algumas nações, como no caso da Itália e da Alemanha, propiciou a ascensão de grupos políticos nacionalistas de extrema direita. Ao mesmo tempo, as disputas imperialistas ainda dominavam a concorrência da economia mundial.
A Liga das Nações, órgão instituído para manter a paz entre as nações, não conseguiu cumprir o seu papel, e esfacelou mediante a corrida militarista preparada pelas nações inconformadas pela hegemonia política e militar exercida pelos vencedores da Primeira Guerra Mundial. Sem possuir uma única razão, essa guerra foi conseqüência do exacerbado desenvolvimento industrial das nações européias. De certa forma, levando em consideração suas especificidades, a Segunda Guerra parecia uma continuidade dos problemas da Primeira Guerra.
Os preparativos da Segunda Guerra Mundial
Os tratados de paz assinados depois da Primeira Guerra são importantes documentos para a compreensão dos motivos que levaram as grandes potências mundiais a um novo conflito. De forma muito severa, os pontos de cada um desses acordos ordenou a imposição de duras punições que promoveram uma grave crise econômica entre as nações vencidas. Entre os Estados mais afetados, podemos destacar os impactos sofridos na Alemanha e na Itália.
Mesmo fazendo parte do grupo vitorioso da Primeira Guerra, a Itália não obteve as devidas compensações nos acordos firmados. Os prejuízos econômico e financeiro trazidos com o conflito foram seguidos por altos índices de desemprego, a paralisação de setores produtivos e diversas convulsões sociais de movimentos de extrema direita e esquerda. Nesse momento surgiu a figura de Benito Mussolini que instituiu um governo totalitário apoiado em promessas de supremacia e recuperação da situação italiana.
Vivendo impactos ainda mais severos, a Alemanha tinha sua crise enquanto conseqüência das punições impostas pelo Tratado de Versalhes. O processo inflacionário alemão fez com que a população acumulasse sacos de dinheiro para realizar a compra de uma simples fatia de pão. Em meio a tais condições adversas, um ex-combatente austríaco chamado Adolf Hitler comandou a formação do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Seguindo doutrinas antidemocráticas, raciais e imperialistas, Hitler tornou-se líder máximo do Estado alemão.
A ineficácia política da Liga das Nações, órgão criado após a Primeira Guerra, também teve grande importância. Sem o apoio efetivo das principais potências da época, esse órgão internacional não refreou a retomada dos conflitos e hostilidades diplomáticas que retomavam o cenário político internacional. Em 1931, o Japão promoveu a invasão do território chinês da Manchúria. Quatro anos depois, os italianos conquistaram a Abissínia (atual Etiópia). Sob o comando de Hitler o governo alemão descumpriu o Tratado de Versalhes tomando as regiões de Sarre e da Renânia.
O temor de uma nova guerra fez com que as demais nações fossem tolerantes com tais ações imperialistas. Após fazerem uma parceria militar na Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939), alemães e italianos se mostravam preparados para uma nova guerra. Contando com o posterior apoio do governo japonês, Alemanha e Itália formaram o Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Logo em seguida, alegando a existência de uma maioria alemã na região, Hitler anexou a região dos Sudetos que faziam divisão com a república Theca.
Afrontados com a invasão alemã ao Estado criado pelas potências vencedoras, Inglaterra e França convocaram Hitler e Mussolini para uma rodada de negociações. Na chamada Conferência de Munique, representantes franceses e britânicos optaram pelo reconhecimento da conquista alemã, depois de Hitler comprometer-se a não realizar mais nenhuma conquista territorial sem o consentimento da Inglaterra e da França.
Por outro lado, Inglaterra e França tinham se comprometido a proteger a Polônia, região cobiçada pelos alemães, de qualquer ataque aos seus territórios. A cobiça de Hitler sobre essa região advinha do controle do chamado “corredor polonês”, que desembocava em uma saída para o mar, no Porto de Dantzing. Dando seu último passo para a guerra, Hitler assegurou um acordo de não-agressão com os russos através do Pacto germano-soviético, em 1939. Evitando um confronto com a potência soviética, as tropas nazistas invadiram a Polônia naquele mesmo ano. Dessa forma, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial.
Ofensiva Alemã
Hitler (centro) posando junto à Torre Eiffel (fundo): a conquista alemã na França.
Após os ensaios bélicos da Guerra Civil Espanhola e a consolidação do Pacto Germano-Soviético, Hitler parecia pronto para empreender as suas primeiras ações militares. No primeiro dia do mês de setembro de 1939, as tropas hitleristas invadiram a Polônia e ali instituíram um governo geral. A fácil conquista do território logo mobilizou as forças britânicas e francesas contra a Alemanha. Tentando inviabilizar o exército alemão, interceptaram o fornecimento sueco de aço destinado à máquina de guerra alemã.
Aproveitando dessa interceptação estratégica, os alemães avançaram sobre a Dinamarca e a Noruega. Reavivando o Plano Schlieffen, traçado na Primeira Guerra Mundial, as tropas alemãs invadiram a Bélgica e os Países Baixos com o intuito de facilitar sua entrada no território francês. Em Dunquerque, os alemães conseguiram uma significativa vitória contra as tropas franco-belgas e britânicas. Essa conquista garantiu o poderio alemão sobre o material bélico de seus aliados e a rendição de 40 mil combatentes franceses.
Contando com ampla vantagem, os exércitos de Hitler invadiram a França e, em 14 de junho de 1940, as tropas nazistas tomaram a cidade de Paris. Acuado, as autoridades francesas iniciaram um intenso debate sobre como proceder mediante o avanço alemão. Influenciados pelo marechal Petáin, o governo francês decidiu permanecer em seus territórios com o objetivo de defender a população civil. Enquanto o general Charles De Gaulle instigava a população a resistir à ocupação, o marechal Petáin assumiu o governo francês sobre a influência germânica.
Entusiasmado pelas vitórias do ditador alemão, Benito Mussolini decidiu prestar apoio aos nazistas. No mesmo ano, o apoio do Japão foi reafirmado no momento em que as autoridades nipônicas queriam controlar regiões asiáticas de interesse dos Estados Unidos. Controlando seu principal inimigo continental (França), os exércitos de Adolf Hitler organizaram uma ofensiva contra os ingleses. Os britânicos, contando com o apoio dos Estados Unidos, esperavam enfraquecer as forças alemãs.
Entre 1940 e 1941, os alemães conseguiram vencer os ingleses impondo-lhes o ataque aos comboios navais que forneciam armas e suprimentos para a Inglaterra. Buscando tomar Londres, capital do país, os alemães decidiram realizar uma série de bombardeios aéreos contra a cidade. Graças ao uso de radares e à habilidade dos pilotos da Royal Air Force, a Inglaterra conseguiu evitar mais uma conquista militar alemã.
Aproveitando do pacto de não-agressão firmado com os alemães, a Rússia resolveu conquistar algumas nações balcânicas. Mostrando-se como uma possível rival no domínio sobre a Europa, o governo soviético propôs a partilha do mundo em zonas de influência política e econômica. A Alemanha, fortalecida pelas vitórias contra grandes potências bélicas (França e Inglaterra), não teve interesse em firmar o acordo. Logo em seguida, no dia 22 de junho de 1941, iniciou a invasão da União Soviética. A invasão dos alemães abriu uma nova etapa que mudou o quadro da Segunda Guerra Mundial.
A resistência soviética
Depois dos primeiros anos da guerra sendo dominadas pelas vitórias de Adolf Hilter, as tropas alemãs voltaram suas atenções contra a Rússia. Cerca de dois milhões de tropas terrestres foram mobilizadas rumo à cidade de Moscou. Antes disso, os militares alemães cercaram a cidade de Leningrado que foi vítima de um cerco que aniquilou a cidade que, mesmo assim, retardou o avanço das forças nazistas. A superioridade bélica da Alemanha não conseguiu fazer frente às tropas russas.
Os alemães conseguiram dominar diversos centros urbanos da União Soviética e empreender a vitória sobre diversas tropas russas. Durante os primeiros meses de combate, cerca de quatro milhões de reféns russos foram encarcerados e aproximadamente um milhão de soviéticos haviam sido mortos. A vitória alemã não foi possível, pois a tecnologia dos aviões de guerra da União Soviética conseguia desintegrar vários dos pontos de dominação das tropas de Hitler.
Além disso, as condições do inverno russo aniquilaram vários dos combatentes nazistas. A Batalha de Stalingrado, ocorrida em janeiro de 1943, foi de fundamental importância na virada dos soviéticos sobre os alemães. Essa região tinha importância estratégica, pois com a dominação de Stalingrado os alemães teriam acesso às ricas reservas petrolíferas da região do Cáucaso. Dessa forma, alemães e soviéticos se colocaram em confronto nessa decisiva batalha.
Sob o comando do general alemão Friedrich von Paulus, uma tropa de 285 mil homens foi cercada pelas forças do marechal soviético Konstantin Rokossovsky. Temendo o agravo das condições penosas em que se encontravam as forças alemãs, o general nazista solicitou, sem efeito algum, uma rendição autorizada por Hitler. O ataque dos soviéticos contou com uma guarnição de cinco mil canhões disparados contra os focos de resistência alemã.
As tropas do general Von Paulus ainda ofereciam alguma resistência no combate terrestre. No entanto, no final do mês de janeiro, vinte e três generais e noventa e um mil soldados alemães foram rendidos. Logo em seguida, uma terrível epidemia de febre tifóide aniquilou violentamente os nazistas derrotados. Combalido com as lutas e as doenças, apenas cinco mil soldados conseguiram retornar para a Alemanha. Inconformado com as ações de Hitler, o general Von Paulus decidiu lutar ao lado das forças do Eixo.
Sendo essa a primeira grande derrota dos nazistas, as tropas dos Aliados se empenharam em obter novas vitórias. A participação dos russos e a entrada dos Estados Unidos na guerra foram de fundamental importância para a vitória contra os países do Eixo.
A vitória dos Aliados
Depois de observarmos a importância da vitória russa sobre o avanço das tropas nazistas, vamos agora ver outros locais onde se deu continuidade ao confronto. No ano de 1942, podemos observar a derrota dos países do Eixo em outras frentes de batalha. O Japão forçou os Estados Unidos a entrar no conflito com a deflagração do ataque surpresa à base americana de Pearl Harbor, em 1941. No ano seguinte, tropas estadunidenses e nipônicas entraram em confronto na Batalha de Midway.
Nesse confronto a vitória dos EUA deu um importante passo para frear o avanço do imperialismo japonês sobre diversas regiões do Oceano Pacífico. No ano de 1943, o general MacArthur liderou novas ofensivas contra as forças japonesas. Na região do Pacífico Central as tropas do general Chester Nimitz formaram outra frente de confronto que, em outubro de 1944, se encontrou com as tropas do general MacArthur. Até o início de 1945, as tropas norte-americanas conseguiram quebrar todas as áreas de influência japonesa na Ásia.
No oceano Atlântico, as tropas aliadas conseguiram empreender seus primeiros avanços mediante a vitória contra os sofisticados submarinos alemães. Na região norte da África, um poderoso destacamento alemão chamado Afrika Korps conseguiu pressionar as tropas britânicas rumo à região nordeste da África. Foi quando, no final de 1942, a ação britânica liderada pelo General Montgomery impôs uma forte derrota aos alemães na batalha de tanques de Al Alamein.
Em 1943, a colisão militar aliada se mobilizou em direção à Península Itálica. Naquele ano, um conjunto de forças militares norte-americanas desembarcou na Itália. Empreendendo uma forte ofensiva na região sul da Itália, os comandantes da cúpula fascista preferiram tirar Mussolini do poder e entregá-lo ao general Badoglio, responsável pela rendição italiana.
Tentando preservar sua liderança, Mussolini fugiu para o norte da Itália, onde proclamou a chamada República de Saló. No mês de junho de 1944, as forças aliadas dominaram a cidade de Roma. No ano subseqüente, as forças antifascistas italianas capturaram Benito Mussolini, que foi condenado ao fuzilamento. Mediante a possibilidade real de vencer o combate, já em 1943, os aliados realizaram a Conferência de Teerã.
Nesse encontro, o presidente russo Joseph Stálin, o presidente norte-americano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill traçaram um plano para dar fim ao poderio alemão. De acordo com os pontos estabelecidos, os Aliados planejaram o processo de ocupação da Europa Ocidental. No dia 6 de junho de 1944, conhecido como Dia “D”, o comandante Dwight D. Eisenhower capitaneou o desembarque de 36 divisões, 6.400 navios e milhares de aviões na região francesa da Normandia.
Empreendendo uma ofensiva quase inabalável, as tropas deixaram os exércitos alemães completamente combalidos. Enquanto essas tropas realizavam o domínio da Europa Ocidental, as tropas russas recuperavam os territórios do Leste europeu. No ano de 1945, as duas frentes de batalha se convergiram em direção ao território alemão. A cidade de Berlim foi tomada pelos soviéticos no dia 1º de maio. Na semana seguinte, as tropas nazistas se renderam.
O mundo depois da Segunda Guerra Mundial
O fim da Segunda Guerra trouxe um grande prejuízo ao continente Europeu. Sendo o maior palco dos conflitos, o Velho Mundo fez parte de números inimagináveis. O conflito contabilizou um gasto total de 413, 25 bilhões de libras, fabricou mais de 296 mil aviões e 53 milhões de toneladas de equipamentos navais. Por todo o mundo, cerca de 45 milhões de vidas foram ceifadas, sendo a grande maioria de inocentes.
Por outro lado, existiram aquelas nações que viram no sangrento conflito uma grande oportunidade de ganho econômico. Os canadenses fabricaram mais de 16 mil aviões e 3 milhões de navios. Em curto espaço de tempo, ampliou sua indústria de metais pesados, principalmente nas áreas de alumínio, níquel, cromo e aço. Os Estados Unidos, considerado o maior beneficiário, dobrou o seu parque industrial nos anos de guerra.
Depois de estabilizada a situação, os países aliados começaram a promover os diálogos sobre a situação política e econômica mundial. Inglaterra e Estados Unidos assinaram a Carta do Atlântico, documento onde abriam mão de qualquer ganho territorial e defendiam a soberania das nações envolvidas. Entre os anos de 1943 e 1945, diversas reuniões internacionais foram realizadas com o propósito de selar diferentes acordos diplomáticos.
Na Conferência de Teerã, de novembro de 1943, União Soviética, Estados Unidos e Inglaterra definiram a incorporação das nações bálticas e elaboraram uma possível divisão do Estado alemão. Em fevereiro de 1945, a Conferência de Ialta reafirmou o princípio de autodeterminação dos povos e a instalação de regimes democráticos. Alemanha e Áustria perderam sua autonomia política, sendo divididas em diferentes zonas de ocupação.
A última e mais importante reunião de líderes mundiais aconteceu na Conferência de Potsdam, ocorrida entre julho e agosto de 1945. Os líderes soviéticos defendiam total autonomia no processo de reorganização política dos territórios ocupados na Europa Central. Em resposta, os líderes ocidentais eram contrários à intervenção soviética na região mediterrânea e na África. Os territórios alemães foram fragmentados em zonas de ocupação francesa, britânica, estadunidense e soviética.
Com relação às punições deferidas contra os alemães, ficou acordada uma multa indenizatória de 20 bilhões de dólares, sendo metade destinada à União Soviética. A indústria bélica alemã foi anulada, a indústria pesada sofreu limitações e instalou-se um tribunal internacional destinado ao julgamento das principais lideranças do regime nazista. Entre 1945 e 1946, o chamado Tribunal de Nuremberg sentenciou vinte e um líderes nazistas.
Depois de tais acordos, o continente europeu passou por um processo de divisão por zonas de influência política. Os soviéticos dominaram a região oriental da Europa dando força política aos partidos políticos comunistas na Albânia, Bulgária, Romênia, Hungria Tchecoslováquia e Polônia. Na região da Iugoslávia as frentes anti-nazistas, independentes do poderio soviético, instalaram um governo comunista liderado pelo general Josip Broz Tito.
A parcela ocidental da Europa foi influenciada pelos Estados Unidos. Com exceção de Portugal e Espanha, a região foi dominada por diversos governos democrático-liberais. Ao Japão foi imposto o Tratado de São Francisco, que declarou aos japoneses a perda de todos os territórios conquistados durante a guerra. Com o avanço comunista no Extremo Oriente, os EUA resolveram financiar a reestruturação da economia nipônica. Dessa maneira, foram dados os primeiros passos da chamada Guerra Fria.
Erwin Rommel
Hitler.
Erwin Rommel foi um dos principias responsáveis pela condução das forças alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Sua projeção na carreira militar lhe concedeu também o cuidado com a guarda pessoal de Hitler, que admirava-o profundamente por sua trajetória de vida semelhante ao do próprio Füher. No entanto, Rommel foi bem mais do que um servo fiel à maquina nazista que – na primeira metade do século XX – tomou conta da Alemanha.
Contrariando o senso comum das carreiras militares daquela época, Rommel não tinha uma origem ligada aos setores tradicionais da aristocracia alemã. Sua entrada no exército se deu graças ao programa reformador de Guilherme II, que abriu portas para que emergentes integrassem as forças germânicas. Combinando astuta inteligência militar e um forte senso de obediência, Rommel teve grande destaque nos conflitos da Primeira Guerra Mundial.
Talvez por ter vivido de perto a derrota militar alemã e integrar os reduzidos 4 mil postos militares impostos pelo Tratado de Versalhes, esse militar simpatizou-se com o ideário nazista. Entretanto, ao contrário do que possamos imaginar, a relação entre Rommel e Hitler se estreitou graças ao líder do partido nazista. No período do Entre - guerras (1918 – 1939), Rommel lançou um livro de grande repercussão chamado “Ataques de infantaria”, que chegou às mãos de Adolf Hitler.
Durante o governo de Hitler, Rommel inicialmente foi incumbido da missão de preparar militarmente as fileiras da “Juventude Hitlerista”. Com o início da guerra, Hitler o convocou para comandar o destacamento que escoltava o trem que conduzia Hitler para ver de perto as conquistas empreendidas na Polônia e na Tchecoslováquia. Nesse período, Hitler questionou Rommel sobre qual tarefa gostaria de assumir na guerra. Tendo seu pedido atendido, Rommel assumiu a 7ª Divisão Panzer de Blindados.
Ligado a esse destacamento das forças militares alemãs, Rommel teve a oportunidade de participar da campanha de invasão à França. A velocidade de penetração da divisão comandada por Rommel rendeu-lhe o nome de “Divisão Fantasma”, pois, às vezes, nem os oficias alemães conseguiam controlar a posição do exército comandado pelo astuto militar alemão. Depois de galgar importantes vitórias na invasão francesa, Rommel foi incumbido de apoiar as forças italianas, liderando os Afrika Korps.
Nesse período, a ousadia de Rommel não conseguiu resistir aos equívocos do avanço militar exigido por Hitler. Mesmo sendo uma figura próxima ao Füher, Rommel não conseguiu convencer o chefe alemão da urgência no envio de mais reforços para a África e, mais tarde, do recuo do Eixo frente à vantagem militar dos Aliados. Em 1943, adoentado pelo desgaste nos conflitos, Rommel saiu dos campos de batalha da Segunda Guerra.
No ano seguinte, foi incumbido por Hitler de comandar uma missão que deveria impedir a investida dos Aliados na França. Nessa época Rommel já não via com bons olhos o fato de Hitler comandar os exércitos na clausura de seu bünker. Com as derrotas freqüentes na Normandia, o comandante alemão resolveu aderir à tentativa de golpe contra Hitler liderada pelo coronel Claus von Stauffenberg.
A tramóia dos conspiradores incluía um plano de assassinato de Hitler. Rommel não apoiava esse tipo de ação, pois acreditava que a morte do líder alemão poderia prejudicar a imagem pública dos novos líderes nazistas. O atentado contra Hitler acabou não funcionando, o que gerou uma grande devassa que perseguiu um a um dos envolvidas no golpe. Em pouco tempo o nome de Rommel surgiria, já que o seu nome era o mais indicado para reorientar o Terceiro Reich.
A denúncia de Rommel causou um verdadeiro dilema para os comandantes nazistas. Como seria possível preservar a aparência coesa das forças alemãs caso soubessem que um dos líderes da alta cúpula tramou contra o füher? Para contornar o incômodo dessa situação, Hitler enviou os generais Ernst Maisel e Wihelm Burgdorf para proporem uma “saída diplomática” para sua traição.
Na primeira hipótese, Rommel seria acompanhado pelas tropas que cercavam sua casa para que o mesmo cometesse suicídio e fosse dado como morto devido seus ferimentos de guerra. Caso resistisse ao convite dos generais alemães, seria julgado de maneira sumária sendo que sua família também poderia sofrer as mais terríveis retaliações. Sem opções, Rommel se justificou aos seus familiares dizendo ser essa solução menos traumática.
O general Rommel saiu de sua casa vestindo seu uniforme de general. Pouco tempo depois, sua família recebeu uma ligação de um hospital avisando da morte do oficial. Para encerrar o plano traçado, o decadente chefe do Estado germânico mandou um cartão de condolências pela morte do marechal-de-campo que seria “para sempre ligado às heróicas batalhas no norte da África”.
O bunker de Hitler
Essa construção, que ficou afamada como o “bunker de Hitler”, na verdade não chegou a ser completamente finalizada. Quando a invasão soviética começou a ganhar as ruas da capital Berlim, o secreto centro decisório da Alemanha Nazista ainda ganhava guaritas e torres de vigia responsáveis pela proteção do local. Quando descoberto, o bunker possuía dezesseis cômodos em que se espalhavam salas de jogos, dormitórios, cozinha, refeitório, quartos de empregado e salas de reunião.
Nos últimos meses que antecederam o fim da Segunda Guerra, Hitler transformou aquele abrigo em um quartel general de onde conduzia as ações militares de suas tropas. Ao contrário do que parecia, o abrigo subterrâneo era muito bem ventilado e contava com uma infra-estrutura mantenedora de um razoável conforto para Hilter e seus comandados.
O acirramento dos conflitos militares da época acabou atraindo os principais dirigentes do regime hitlerista, junto de seus familiares, para os porões do bunker. Além de se transformar em centro de decisão político-militar, o último foco de resistência da cúpula nazista também contava com um hospital militar e uma ala para realizar a proteção de desabrigados e mulheres gestantes.
A resistência alemã simbolizada pelas atividades no bunker só se articularam regularmente até o dia 30 de abril de 1945. Naquela fatídica ocasião, Hitler realizou uma despedida de seus comandados mais próximos e realizou um almoço com os mesmos. Depois disso, recolheu-se em seus aposentos com sua esposa Eva Braun. De repente, o barulho de um tiro irrompeu no quarto do líder nazista.
Os militares nazistas chegaram ao local encontrando o seu líder com a cabeça estraçalhada por um projétil de pistola. Eva Braun, sem nenhum sinal de ferimento, tinha sucumbido depois de ingerir uma pequena cápsula de cianureto. De imediato, os corpos de Hitler e Eva foram retirados do local e incinerados com uma farta quantidade de combustível.
Depois disso, outros grandes líderes militares nazistas também decidiram dar fim às suas próprias vidas. Os que não optaram por tal medida, tentaram fugir pelos túneis que interligavam o bunker ao metrô de Berlim. Em pouco tempo, os boatos sobre a morte do führer impeliram diversos soldados e comandantes acederem ao avanço soviético. Dessa maneira, no dia 2 de maio de 1945, as tropas russas tomaram a última morada de Hitler.
O resgate de Mussolini
Em julho de 1943 um importante fato ganhou as manchetes que atentamente acompanhavam o desenrolar da Segunda Guerra Mundial. Naquele mês, Benito Mussolini, líder máximo do Estado Fascista Italiano, havia sido deposto pelo monarca Vittorio Emanuele III e aprisionado na região de Gran Sasso. A notícia soou como uma grande vitória para os países aliados e, conseqüentemente, colocou os planos de Adolf Hitler e dos Países do Eixo à mercê de um fracasso iminente.
A situação que já parecia nenhum pouco favorável somente piorou quando o novo primeiro-ministro italiano, Pietro Badoglio, resolveu assinar um armistício que preparava a rendição italiana. Mediante tal contexto desfavorável, Hitler organizou um grupo de operações que teria a difícil missão de localizar e libertar Benito Mussolini. Tal ação visava recolocar as tropas italianas no combate através da volta do carismático líder fascista.
Kurt Student e Otto Skorzeny, dois agentes secretos alemães, foram enviados para a Itália para que a localização de Mussolini fosse obtida. Nesse meio tempo, descobriram que os oponentes políticos do duce tentavam anular uma volta do líder fascista mantendo-o preso em diferentes lugares por uma curta temporada. Mesmo sendo plausível, essa tática não impediu que os dois agentes descobrissem as diferentes prisões por onde Mussolini havia passado.
Depois de retirado da cidade de Roma, o precioso cárcere havia sido transferido para a ilha de Ponza, para a base naval de La Spezia em uma pequena vila da Sardenha. Nesse último paradeiro, Student e Skorzeny souberam que Benito Mussolini seria mais uma vez transferido, agora para o hotel Campo Imperatore, localizado na região de Grans Sasso. Foi daí então que os dois agentes decidiram articular o pretensioso resgate com o uso de aviões planadores e um grupo de pára-quedistas.
Esse tipo de meio de transporte aéreo era bastante utilizado pelos alemães, que dominaram seu uso desde a época em que o Tratado de Versalhes proibia o país de ter uma Força Área de grande porte. Apesar de serem ágeis e precisos, esses aviões não tinham grande agilidade e, por isso, acabavam vulneráveis a qualquer tipo de bateria antiaérea. Tal fato aumentou os riscos da operação, que possuía uma previsão de baixas de até setenta por cento.
No dia 12 de setembro de 1943, doze planadores DFS 230 partiram dos arredores de Roma com destino a Grans Sasso. Ao mesmo tempo, um destacamento de 300 soldados foi utilizado para controlar o teleférico que dava acesso ao hotel e isolar o acesso à área. Quando invadiram o local, os alemães teriam que enfrentar os solados coordenados pelo general-inspetor Giuseppe Gueli. No entanto, o líder militar não ofereceu resistência e descumpriu a ordem de execução imediata, caso Mussolini fosse resgatado.
Depois de ser liberto pelos alemães, Mussolini encontrou Adolf Hitler em Munique para agradecer a ação bem sucedida. Dias depois, Mussolini foi para o norte da Itália e se instalou na região da vila Gargano sob a proteção dos militares da SS. No dia 23 de setembro daquele mesmo ano, o duce anunciou um estado paralelo na Península Itálica com a proclamação da República Social Italiana.
A tentativa de retomada do poder não se consolidou durante muito tempo. Em 1945, ano final da guerra, as tropas aliadas conseguiram controlar todo o território italiano. Um grupo de comunistas italianos prendeu Mussolini e sua amante, Carla Petacci. No dia 28 de abril de 1945, ambos foram executados e tiveram seus corpos publicamente expostos em uma praça da cidade de Milão.
Enola, o avião polêmico
Na manhã de 6 agosto de 1945, o rápido sobrevoo de um avião sobre a cidade japonesa de Hiroshima foi seguido por um silencioso clarão que encerrava a Segunda Guerra Mundial. Naquele momento, as forças militares americanas realizaram aquele que seria o mais devastador ataque nuclear de toda a História. Como se o primeiro ato não fosse suficiente, a mesma terrível manobra também atingiu a cidade de Nagasaki.
Através do lançamento de bombas de urânio, as forças militares estadunidenses promoveram o assassinato em massa de mais de 200.000 mil vidas inocentes. Mesmo tendo abatido boa parte das tropas do Eixo, o governo dos EUA alegava que essa manobra evitou a morte de um milhão de soldados que participariam da invasão das ilhas do arquipélago japonês. Apesar da justificativa, a realização de tal feito ainda desperta muita polêmica entre grupos políticos e historiadores.
A mais recente delas gira em torno de “Enola Gay”, o avião bombardeiro B-29 que participou diretamente nos dois ataques nucleares. Após executar a macabra tarefa de 1945, Enola serviu em diversas bases militares norte-americanas. Na década de 1980, foi aposentado e adquirido pelo Museu Aeroespacial de Washington, que promoveu um longo e minucioso processo de reconstrução da aeronave. Com fim do dispendioso trabalho, que durou uma década, ele ficou pronto para ser exposto ao público.
A primeira exposição da aeronave aconteceu em 1995, quando as explosões de Hiroshima e Nagasaki completavam exatos cinquenta anos. Nesse instante, a notícia da aparição fomentou uma acalorada discussão sobre qual o significado que Enola Gay teria ao assumir o posto de patrimônio histórico da Segunda Guerra Mundial. Para os grupos pacifistas, o avião que levava o nome da mãe do piloto Paul Tibbets deveria servir como um alerta sobre os terríveis erros cometidos no passado.
Não por acaso, estes mesmos pacifistas pediram que a exposição de Enola Gay fosse acompanhada por uma série de fotos que mostrassem os efeitos devastadores da bomba atômica.
Os curadores da mostra, contudo, descartaram essa vinculação crítica à exposição da aeronave e preferiram evitar qualquer posicionamento mais claro sobre o assunto.
Sem dúvida, esse silêncio ignora o lamentável fato de que a destruição da vida humana não pode ser permitida sob nenhuma hipótese.
O diário de Anne Frank
Atualmente, vários historiadores se debruçam na revisão dos documentos que informam a dimensão dos estragos, mortes e torturas realizados pelo holocausto nazista. Para alguns, os números divulgados não seriam condizentes à própria condição material que os campos de concentração do nazismo teriam para executar os judeus e os demais perseguidos do regime nazista.
Paralela a essa discussão, vemos que os números do terror nazista pouco importam quando nos deparamos com o depoimento de uma jovem judia chamada Anneliese Marie Frank. Em dezembro de 1933, ela e sua família se viram obrigados a abandonar a Alemanha mediante a ascensão de Adolf Hitler e suas políticas de natureza antissemita. Buscando a ajuda de amigos, a família de Anne Frank se mudou para a cidade holandesa de Amsterdã.
Com o estouro da Segunda Guerra Mundial, a perseguição aos judeus se tornou ainda mais severa e obrigou Anne e seus familiares a viverem enclausurados em um anexo secreto da casa dos amigos holandeses que lhes acolheram. Vivendo atrás de uma prateleira, Anne se debruçou na escrita de um diário que contava as privações, as notícias e encontros que marcaram o confinamento ocorrido entre 1942 e 1944.
Nesse meio tempo, Otto Frank, pai de Anne, buscava formas de sair da Holanda e conseguir um visto para algum país do continente americano. Inicialmente, contatou Nathan Strauss Jr., amigo de faculdade que tentava viabilizar um passaporte para os Estados Unidos. Infelizmente, por conta das exigências burocráticas e o problema da espionagem nazista, o governo americano refutou o acolhimento da família Frank.
Houve ainda uma última tentativa de buscar asilo em Cuba, mas que também não se concretizou com sucesso. No dia 1º de agosto de 1944, Anne Frank produziu o último texto de seu diário. Três dias depois, a sua família foi presa pela Gestapo (polícia secreta nazista) e enviada para os campos de concentração. Em março de 1945, a jovem acabou morrendo em decorrência da contração de febre tifoide.
Com o fim da guerra, Otto Frank retornou para Holanda na esperança de encontrar os seus familiares. Contundo, percebeu que todos foram mortos pela ação dos nazistas. Por fim, entrou em contato com os escritos de sua filha e teve a grata surpresa de perceber a riqueza encontrada na perspectiva que Anne construira naqueles textos cercados pelas dificuldades da época. Em junho de 1947, o Diário de Anne Frank se transformou em livro e, até hoje, teve mais de 300 milhões de exemplares vendidos.
Werwolf
Ao observamos o desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial, vemos que os alemães estiveram bem próximos de vencer a guerra por meio de suas poderosas ofensivas. De fato, após tomar o território francês e quase abater a resistência britânica, os nazistas se mostraram fortemente preparados para o confronto. Tal situação só mudou quando Estados Unidos e União Soviética entraram no conflito em busca do esfacelamento das tropas nazi-fascistas.
No ano de 1943, durante a Conferência de Teerã, os chefes de Estado da Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética se reuniram para determinar uma estratégia de ação. No dia 6 de junho de 1944, o famoso “Dia D” impôs o desembarque de 3,5 milhões de soldados imbuídos da missão de acabar com as forças totalitárias. Para tanto, contaram com a imprescindível ajuda de embarcações e navios de guerra. Com o passar do tempo, Berlim se transformou no grande objetivo a ser alcançado.
De fato, as vitórias obtidas ao longo de 1944 impediram que os alemães tivessem chances significativas de retomar o controle da situação. A Segunda Guerra Mundial se estendeu por mais um ano mediante a insistência das lideranças germânicas e italianas que ainda acreditavam na reviravolta. No entanto, as derrotas se acumularam e o fim do conflito se tornou apenas uma questão de tempo. Conforme já dito, ainda havia aqueles que acreditavam na vitória do Terceiro Reich.
Foi nesse justo contexto de mobilização que o Werwolf, um grupo de resistência nazista, se formou contra as tropas aliadas. Organizados em pequenos grupos de insurgência, se aproveitavam do sistema radiofônico do país para desenvolver algumas de suas ações e fazer oposição contra aqueles que seriam os grandes culpados pela derrocada do regime hitlerista. Entre outras figuras, difamavam publicamente o major britânico John Poston e o prefeito da cidade de Aachen, Franz Oppenhoff.
No campo de batalha, os membros da Werwolf causaram pequenos estragos organizando emboscadas, sabotando linhas de trem e realizando alguns planos de assassinato. Entre os maiores atos de terrorismo atribuídos a essa força de resistência, destacamos a explosão de uma bomba na cidade alemã de Bremen, que acabou fazendo quarenta e quatro vítimas. De acordo com a obra “The last nazis” (Os últimos nazistas), esses grupos foram responsáveis por aproximadamente 700 mortes.
Por algum tempo, a existência clandestina da Werwolf alimentava uma débil esperança de que o nazismo pudesse ser reorganizado no interior da Alemanha. Entretanto, na medida em que soviéticos e capitalistas negociavam suas zonas de influência pelo mundo afora, os planos de reavivamento da Werwolf iam por água abaixo. Nos dias de hoje, a trajetória desse grupo inspira todo um imaginário vinculado à existência de outras organizações secretas inspiradas pela doutrina totalitária.
Führermuseum
Antes de se tornar um dos mais famosos e polêmicos chefes de Estado do século XX, Adolf Hitler tinha pretensões muito distantes dos encontros políticos e discursos acalorados. Em 1907, com apenas 18 anos de idade, Hitler saiu do povoado de Branau para tentar sua vida como artista plástico na cidade de Viena. Portando uma série de desenhos, ele fez a sua primeira inscrição no concurso de admissão da Escola de Belas-Artes da Schillerplatz.
Contrariando as suas expectativas, o jovem aspirante a artista teve o seu ingresso recusado ao ser taxado como um desenhista de pouca criatividade e muita inexperiência. Para aqueles que gostam de uma conspiração, essa seria mais umas das frustrações que levaram Adolf Hitler a se ingressar na carreira militar e, anos mais tarde, se transformar no mais expressivo líder do nazismo. Apesar de esse ser o real desencadeamento de sua vida, isso não quis dizer que o führer abandonou seu gosto pela arte.
No ano de 1939, Hitler organizou uma comissão especialmente desenvolvida para a criação daquele que seria o maior museu de todo o mundo. O “Führermuseum” (Museu do Führer) seria construído em Linz, cidade austríaca que se encontrava bem próxima do lugar onde Hitler havia nascido. Mais do que uma simples declaração de amor às artes, o desenvolvimento deste projeto revelava bem alguns dos ideais e ações que tomaram a Alemanha Nazista.
Em um primeiro plano, uma construção de tamanhas dimensões tinha o claro interesse em reforçar o ideal de superioridade que guiava o discurso totalitário nazista. Já que os alemães eram ancestrais de um dos povos que deram suporte à civilização europeia, seria natural que a Alemanha fosse detentora de grandes símbolos e manifestações da cultura do Novo Mundo. Sob tal aspecto, chegamos ao ponto onde questionamos de que forma os nazistas conseguiriam as obras que comporiam o museu.
O levantamento de fundos para a manutenção do projeto era viabilizado pela arrecadação feita com as vendas do livro “Mein Kampf” – obra em que Hitler lança as bases do pensamento nazista – e de selos com a imagem do ditador alemão. Tendo dinheiro disponível, a equipe tinha então a difícil tarefa de realizar as aquisições e a seleção das obras que constituiriam o espaço histórico-cultural.
De acordo com alguns pesquisadores, o projeto do Führermuseum foi alimentado por uma série de saques e compras forçadas. No primeiro caso, a situação de guerra e o próprio antissemitismo abria portas para que diversos oficiais roubassem quadros e outras raridades artísticas dispostas em coleções pessoais. Já no outro caso, a intimidação empreendida pelo próprio regime nazista, coagia muitos particulares a venderem suas preciosidades por valores irrisórios.
Ao final da Segunda Guerra, o avanço das tropas aliadas foi descobrindo os vários depósitos em que as obras escolhidas foram guardadas. Por sorte, uma quantidade significativa destas foi devidamente recuperada. Além de fazer justiça pela recuperação, o encontro e manutenção de cada uma das obras se transformaram em uma espécie de troféu das forças militares que lutaram contra o nazismo. E, dessa forma, a arte irrompeu seus limites estéticos para assumir uma curiosa dimensão política.
As feridas da Segunda Guerra na Alemanha
Durante muito tempo, os historiadores e livros didáticos minimizaram a observação dos efeitos que a Segunda Guerra Mundial teve sobre a população alemã. Muito desse silêncio tem relação direta com a tendência geral em se culpar a Alemanha pelas grandes mazelas do conflito e, assim, minimizar os problemas que o próprio país vivenciou. No entanto, novos estudos nos permitem ter uma visão mais apurada do que a Segunda Guerra trouxe aos alemães.
Estimativas recentes dizem que mais de dois milhões de alemães foram assassinados ao longo desse conflito. Além disso, discussões atualizadas procuram revisar esses valores tentando pesquisar mais profundamente o impacto do avanço das tropas russas contra aquele país. Ainda negando esse mesmo processo de minimização dos impactos, alguns especialistas no assunto apontam claramente que a grande quantidade de bombardeios deferidos contra o território alemão foram um completo absurdo.
Uma parcela significativa dos relatos que contam as dimensões do horror sofrido pelos alemães se concentra entre os anos de 1943 e 1945. Milhares de prédios foram completamente destruídos, civis agonizantes eram executados mediante a inevitabilidade de suas mortes e campos improvisados eram organizados para o enterro de milhares de cadáveres. Em termos gerais, podemos destacar Berlim, Dresden e Hamburgo como as cidades que foram atingidas com maior violência pelos aliados.
Fontes históricas dessa época – principalmente produzidas por pessoas não comprometidas com o nazismo – insistem em descrever alguns desses ataques como “terroristas” ou que aconteciam para apenas “dizimar a população”. Paralelamente, vários historiadores revisionistas buscam reconsiderar o número de vítimas que atingiram certas cidades alemãs. Indubitavelmente, o silêncio reservado à Alemanha fustigada pela guerra se transformou em um grande e acalorado debate.
Por um lado, vemos que o horror dessa situação serve para que não limitemos a compreensão da guerra como uma simples dicotomia, onde os aliados eram tidos como grandes heróis e toda a Alemanha representasse a maldade daquele tempo. Por outro lado, também devemos avaliar que as dimensões trágicas do ataque contra a Alemanha atestaram a loucura de Adolf Hitler em prolongar desnecessariamente a manutenção de seu combalido governo na guerra.
Ainda hoje, a recuperação de vários relatos pessoais e diários da época visa dimensionar um lado desse conflito que foi injustamente encoberto ao longo do tempo. Se a história deve ser construída por meio de uma busca pela imparcialidade, não devemos minimizar os estudos que problematizaram o sofrimento alemão na guerra. Como há muito tempo já se sabe, nenhum conflito militar pode ser bem observado considerando a existência única de “mocinhos” e “bandidos”.
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