quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CIVILIZAÇÃO ASSÍRIA ...





Famosos desde os tempos antigos pela crueldade e pelo talento guerreiro, os assírios também se destacaram pela habilidade na construção de grandes cidades e edifícios monumentais, como atestam as ruínas encontradas em Nínive, Assur e Nimrud. Estabelecido no norte da Mesopotâmia, o império assírio foi uma das civilizações mais importantes do Oriente Médio.

Os primeiros povoadores conhecidos da região eram nômades semitas que começaram a levar vida sedentária ao longo do IV milênio a.C. Alguns dados atestam a formação, a partir do século XIX a.C., de um pequeno estado assírio, que mantinha relações comerciais com o império Hitita. No século XV a.C., depois de longo período de submissão ao império da Suméria, o estado assírio, com capital em Assur, começou a tornar-se independente e a se estender. Puzur-Assur III foi o primeiro monarca que, livre da opressão suméria, empreendeu a expansão do reino. Graças ao apogeu comercial, os assírios puderam lançar-se, sob o reinado de Shamshi-Adad I (1813-1781 a.C., aproximadamente), às conquistas que tanta glória lhes trouxeram.

O soberano concentrou esforços na construção de um estado centralizado, segundo o modelo da poderosa Babilônia. Suas conquistas se estenderam aos vales médios do Tigre e do Eufrates e ao norte da Mesopotâmia, mas foram barradas em Alepo, na Síria. Morto o rei, seus filhos não puderam manter o império em virtude dos constantes ataques de outros povos e dos desejos de independência dos súditos.

A Assíria caiu sob o domínio do reino de Mitani, do qual se libertou em meados do século XIV a.C. O rei Assur-Ubalit I (1365-1330) foi considerado pelos sucessores o fundador do império assírio, também conhecido como império médio. Para consolidar seu poder, estabeleceu relações com o Egito e interveio nos assuntos internos da Babilônia, casando sua filha com o rei desse estado. Depois de seu reinado, a Assíria atravessou uma fase de conflitos bélicos com hititas e babilônios, que se prolongou até o fim do século XIII a.C.

Quem afinal conseguiu impor-se foi Salmanasar I (1274-1245), que devolveu ao estado assírio o poder perdido. Esse monarca estendeu sua influência até Urartu (Armênia), apoiado num exército eficaz que conseguiu arrebatar da Babilônia suas rotas e pontos comerciais. Sob o reinado de Tukulti-Ninurta I (1245-1208), o império médio alcançou seu máximo poderio. A mais importante façanha do período foi a incorporação da Babilônia, que ficou sob a administração de governadores dependentes do rei assírio. Com as conquistas, o império se estendeu da Síria ao golfo Pérsico.

Depois da morte desse rei, o poder assírio decaiu em benefício da Babilônia. Passado um período de lutas contra os invasores hurritas e mitânios, a Assíria ressurgiu, no fim do século XII a.C., com Tiglate-Pileser I (1115-1077), que venceu a Babilônia numa campanha terrivelmente dura. Após sua morte, a Assíria sofreu o domínio dos arameus, do qual não conseguiu libertar-se até que Adad-Ninari II (911-891) subiu ao trono. Tukulti-Ninurta II (890-884) devolveu à Assíria a antiga grandeza e submeteu a zona de influência dos arameus, no Eufrates médio. Sucedeu-lhe Assur-Nasirpal II (883-859), o mais desumano dos reis assírios, que pretendeu reconstruir o império de Tiglate-Pileser I e impôs sua autoridade com inusitada violência. Foi o primeiro rei assírio a utilizar carros de guerra e unidades de cavalaria combinadas com a infantaria. Seu filho Salmanasar III (858-824), conquistador da Síria e do Urartu, foi igualmente cruel.

O último grande império assírio iniciou-se com Tiglate-Pileser III (746-727), que dominou definitivamente a Mesopotâmia. Sua ambição sem limites o levou a estender o império até o reino da Judéia, a Síria e o Urartu. Salmanasar IV e Salmanasar V mantiveram o poderio da Assíria, que anexou a região da Palestina durante o reinado de Sargão II (721-705). O filho deste, Senaqueribe (704-681), teve que enfrentar revoltas internas, principalmente na Babilônia, centro religioso do império que foi arrasado por suas tropas. Asaradão (680-669) reconstruiu a Babilônia e atacou o Egito, afinal conquistado por seu filho Assurbanipal (668-627). No ano 656, porém, o faraó Psamético I expulsou os assírios do Egito e Assurbanipal não quis reconquistar o país.

Com esse soberano, a Assíria tornou-se o centro militar e cultural do mundo. Depois de sua morte, o império decaiu e nunca mais recuperou o esplendor. Fruto das múltiplas relações com outros povos, a civilização assíria alcançou elevado grau de desenvolvimento. Entre as preocupações científicas dos assírios destacou-se a astronomia: estabeleceram a posição dos planetas e das estrelas e estudaram a Lua e seus movimentos. Na matemática alcançaram alto nível de conhecimentos, comparável ao que posteriormente se verificaria na Grécia clássica.

O espírito militar e guerreiro dos assírios se reflete em suas manifestações artísticas, principalmente nos relevos que decoram as monumentais construções arquitetônicas. Representam, sobretudo cenas bélicas e de caça, em que as figuras de animais ocupam lugar de destaque, como no relevo "A leoa ferida". Também cultivaram a escultura em marfim, na qual foram grandes mestres, como se constata nos painéis de Nimrud, que sobreviveram à madeira dos móveis em que eram originariamente incrustados.

A religião assíria manteve as ancestrais tradições mesopotâmicas, embora tenha sofrido a introdução de novos deuses e mitos. A eterna rivalidade entre assírios e babilônios chegou à religião com a disputa pela preponderância de seus grandes deuses, o assírio Assur e o babilônio Marduk. O império assírio sucumbiu ao ataque combinado de medas e babilônio. Sob as ruínas de uma esplêndida civilização, ficou a trágica lembrança de suas impiedosas conquistas e da ilimitada ambição de seus reis.



A Assíria foi um reino situado na Mesopotâmia, entre os séculos XIII e VII a.C.. Foi fundado por um povo de origem semítica nativo do noroeste da Mesopotâmia.

O vácuo de poder na região criado após o declínio sumério permitiu aos assírios a criação de um estado independente, mas este foi logo suprimido pelo rei Hamurabi da Babilônia. Os assírios assim permaneceram sob poder babilônico até o declínio deste, em meados do século XIII a.C., quando seu rei, Tukulti-Ninurta, conquistou territórios ao sul, abraçando a própria cidade da Babilônia. Em sua extensão máxima, a Assíria extendia-se a leste até as fronteiras do Elão, a oeste até o Egito, ao norte até a Armênia e ao sul até os desertos da Península Arábica.

A religião seguia as bases dos cultos realizados pelos sumérios. Cada cidade era devota de um deus específico (ao qual se associava a sua criação e proteção), e os deuses mais importante do panteão assírio dependia do grau de influência de suas cidades na política interna. Os zigurates permaneceram como o centro cultural, religioso e político das cidades assírias.

A política externa assíria era conhecida por sua brutalidade para com os inimigos. Em muitos casos, atos de selvageria por parte do império assírio foram empregados com o fim de persuadir seus inimigos a entregarem-se sem luta. Registros escritos da época demonstram o temor dos povos adjacentes ao terror assírio. Os governantes assírios caracterizaram-se também pelo tratamento dispendido aos povos conquistados. Para evitar movimentos rebeldes nas regiões conquistadas, os povos vencidos eram capturados, removidos de suas terras, e dstribuidos entre as cidades do império, diluindo seu poder. Nativos assírios e inimigos capturados de outras regiões eram encorajados a ocupar as áreas conquistadas. Esta prática mostrou-se particularmente eficiente, e foi mantida pelos babilônicos, no período subseqüente.

A Assíria é mencionada no Bíblia através do livro de Jonas, quando este profeta recebe de Deus a incumbência de pregar Sua palavra aos habitantes de Nínive, a capital do Império. Posteriormente o relato bíblico cita a Assíria como responsável pela queda do reino de Israel, e pela tomada do baluarte judeu de Laquis, pelas mãos do rei Tiglate-Pileser. No entanto estas conquistas ocorreram já no final do período assírio, desgastado pelas guerras contra o Egito e pela ascenção recente dos medos a leste e dos reformistas babilônicos, ao sul. Em poucos anos, o outrora poderoso império dissolveu-se, sendo rapidamente absorvido por egípcios, babilônicos e medos.




O expansionismo Assírio

Depois de um longo período de obscurantismo, o rei Tiglath-pileser I deu início as expansionismo assírio. No reinado de Tiglath-pileser III( 745-728 a.C.), o Império Assírio se estendeu do Golfo Pérsico às fronteiras do Egito. O apogeu, porém, ocorreu no reinado de Assurbanipal, cujo império se estendia do Nilo ao Cáusaco. Fizeram da guerra sua atividade principal e submetiam os vencidos a horríveis tormentos. Fundaram a cidade de Nínive, que se tornou a sede de seu poderoso império. Minado pela crise interna e pelos levantes dos povos conquistados, o Império Assírio desmoronou. O rei da média, Ciaxares, e o príncipe Caldeu Nabopolassar uniram-se contra os Assírios. A orgulhosa cidade de Nínive caiu no ano de 612 a.C.



ASSÍRIOS



Como a maioria dos povos que reinaram no antigo Oriente Médio, os Assírios, primeiramente um povo de camponeses e guerreiros rudes, tiveram a justiça amplamente baseada no código promulgado no século XVIII a.C., pelo rei Hamurabi, da Babilônia.

A Assíria era essencialmente uma nação de servos que viviam presos à terra que cultivavam; eles podiam ser vendidos juntamente com a propriedade. Deviam obediência à vila mais próxima. Esta, por sua vez, estava presa à cidade pela obrigação de pagar impostos, participar nos festivais religiosos e obedecer os mandatos administrativos. As cidades - dentre as quais as principais eram Assur, Nínive, Erbil e Nimrod - estavam sob a autoridade do rei.

O rei assírio possuía poder absoluto sobre todos os aspectos do governo - econômico, diplomático, político, militar e religioso. Embora reconhecido como humano, acreditava-se que fosse um enviado dos deuses, em especial Assur, a divindade principal. Por isso, o monarca vivia distanciado dos outros mortais: só o superintendente do palácio tinha acesso regular a sua presença. Até mesmo o príncipe herdeiro só tinha permissão para uma audiência se os preságios fossem considerados favoráveis; aos de fora, vendavam-se-lhes os olhos quando iam à presença do soberano. Para o rei, não era tarefa fácil manter satisfeitos os deuses. Estava constantemente submetido a rituais árduos como jejuar e ficar isolado durante uma semana numa cabana de junco verde. Às vezes, os augúrios indicavam que os deuses estavam terrivelmente descontentes. O pior sinal era um eclipse, lunar ou solar, pois supunha-se que pressagiava a morte do monarca. Nesses casos, o rei abdicava do trono temporariamente em favor de um suplente, que assumia a responsabilidade pelo que houvesse irritado os deuses. Depois de cem dias, o rei retornava e tanto o substituto como sua esposa eram executados, supostamente para dar aos deuses a morte do rei como foi predita.

A agressão militar era legitimada pela religião assíria: conquistar era a missão divina dos reis. Além da característica de conquistadores, os assírios eram violentos e costumavam vangloriar-se dos atos sangrentos, faziam do terror e da atrocidade instrumentos de política externa. Antes mesmo de tornarem-se os mais poderosos do oriente, num exemplo precoce do terror que se tornaria marca registrada dos assírios, um soberano chamado Salmanasar I, que reinou de 1274 a 1245 a.C., levou para Assíria, como escravos, 14 mil soldados inimigos derrotados - mas tratou de assegurar-se, antes de tudo, de que seriam dóceis; para isso, cegou-os.

O fiho de Salmanasar I, Tukulti-Nunurta I, cujo reinado começou em 1244 a.C., expandiu o territórrio dos assírios que, a época, já era de mais de 30 mil metros quadrados, que iam dos contrafortes dos Zagros até o Eufrades. Tukulti-Nunurta I escarvizou e levou para Assur, presos com pesadas correntes de cobre no pescoço, os reis de Nairi que comandavam as tribos que viviam nos Zagros, pois estas durante muitos anos vinham atacando a fronteira nordestes da Assíria. Tempos depois esses reis tiveram permissão para voltar para casa como vassalos.

Quando o rei babilônico Kashtiliash resolveu atacar a Assíria, Tukulti-Nunurta venceu o exército babilônico, capturou o atrevido Kashtiliash e, em suas próprias palavras: "pisei com meus pés em seu pescoço real como se estivesse pisando em um estribo". A Babilônia foi saqueada e Tukulti-Ninurta se auto-proclamou seu novo rei. Daí a influência da sofisticada cultura babilônica aumentou.

Quando mais tarde a Babilônia revoltou-se com êxito, acreditou-se em altos círculos assírios que os deuses pilhados anteriormente estavam demonstrando sua ira contra as iniquidades de Tukulti-Ninurta. E assim, de acordo com uma crônica, o rei assírio, que "tinha colocado sua mão maldosa sobre a Babilônia", teve um triste fim: "Seu filho e os nobres da Assíria, rebelaram-se contra ele e arrancaram-no do trono. Aprisionaram-no e mataram-no com uma espada".

No início do século IX a.C. os Assírios estavam em marcha para o oeste, levando armas assírias ao Mediterrâneo pela primeira vez. O imperador era Assurnasirpal II (885-860 a.C.) e este realizaria uma campanha tão terrível em violência que eclipsaria os feitos sangrentos de seus antepassados.


O próprio Assurnasirpal II vangloriou-se: "Provoquei grande morticínio"; "Destruí, demoli, queimei. Aprisionei os guerreiros deles e empalei-os diante de suas cidades". Após saquear uma cidade, empilhou os cadáveres como lenha do lado de fora dos portões. "Esfolei os nobres, tantos quantos se haviam rebelado, e estendi suas peles sobre as pilhas". Depois de uma batalha em que matou 3 mil e fez muitos prisioneiros, ele registrou: "Muitos dos cativos queimei numa fogueira. Muitos levei vivos; de alguns, cortei fora as mãos, de outros o nariz, orelhas e dedos; arranquei os olhos de muitos soldados. Queimei até a morte os homens e mulheres jovens".

Um dos primeiros sistemas de escrita foi a cuneiforme, dos babilonios e assírios, sistema que deve ter originado da Suméria: consta de 600 caracteres, cada um dos quais representa palavras ou sílabas escritas em tábuas de argila ou pedra. Deve-se às transcrições dessa forma de escrita o que hoje conhecemos do povo Assírio.

A política de provocar o terror entre os povos subjulgados era comum entre os assírios e os episódios narrados por Assurnasirpal II dão uma idéia das formas de morte, como pena, utilizadas pelo povo Assírio: como o empalamento que era um suplício antigo que consistia em espetar o condenado em uma estaca, pelo ânus, deixando-o assim até morrer; além da morte na fogueira, as mutilações e o esfolamento; torturas mais tarde também utilizadas na Pérsia.

Assurbanipal foi o último grande rei dos assírios. Durante o seu reinado (668 - 627 a.C.), a Assíria se tornou a primeira potência mundial. Seu império incluía a Babilônia, a Pérsia, a Síria e o Egito.

No fim do seu reinado, porém, ou logo depois, o poderio da Assíria desmoronou. Uma década mais tarde o império caía em mãos de babilônios e persas.

Assurbanipal era filho de Assaradão (ou Asarhaddão), este que morreu (669 a.C.) tentando reconquistar Mênfis, a capital egípcia que havia se rebelado logo após ser conquistada. Assurbanipal não fugiu a regra dos seus antecessores: as conquistas e o crescimento das fronteiras da Assíria eram seus maiores objetivos, sempre realizados de forma violenta, mas orgulhando-se das carnificinas.

Após a morte de seu pai, o império assírio foi dividido, sendo que seu irmão Chamás-Chum-Uquim reinaria sobre a Babilônia e Assurbanipal governaria o resto. Assurbanipal reconquistou Mênfis e estendeu o domínio assírio para o sul do Egito, até Tebas. Mas Chamás-Chum-Uquim, com ciúmes, por volta de 652 a.C., resolveu atacar uma tropa de Assurbanipal, perto da Babilônia. Logo deflagrou-se uma guerra civil, que só terminou depois de 3 anos de cerco na Babilônia. Nos últimos dias, os mortos estavam empilhados nas ruas e contam os cronistas que os sobreviventes "comiam a carne de seus filhos e filhas para não morrer de fome". Finalmente, Chamás-Chum-Uquim lançou-se nas chamas de seu próprio palácio. Depois de dar ao irmão um funeral digno do sangue real, Assurbanipal vingou-se dos outros rebeldes: "Eu alimentei com seus cadáveres, cortados em pedaços pequenos, cães, porcos, abutres, águias, os pássaros do céu e os peixes do oceano".

Como seus antepassados, Assurbanipal vangloriava-se de sues feitos sangrentos. Após rechaçar uma rebelião na Babilônia, o monarca deixou registrado a atitude punitiva severa: "Erqui um muro diante das grandes portas da cidade. Mandei esfolar os chefes da revolta e cobrir o muro com suas peles. Uns foram enterrados vivos na construção, outros foram crucificados ou empalados ao longo do muro. De vários mandei arrancar a pele na minha presença e revestir este muro com ela. Mandei dispor as cabeças em forma de coroas, e os cadáveres trespassados em forma de grinaldas."

Apesar da ferocidade o rei Assurbanipal seria lembrado como o estudioso que se gabava de sua própria instrução, e que criou a grande biblioteca de Nínive com uma coletânia com obras em caracteres cuneiformes, hoje responsável por muito do que se sabe dos povos da Mesopotâmia. Durante o seu reinado, que durou cerca de quarenta anos a técnica do baixo-relevo atingiu maiores proporções. As fachadas e as salas dos palácios estavam, a perder de vista, cobertas de tapeçarias de pedra:

Em um painel de pedra que decorava o palácio do rei Assurbanipal, em Nínive, arqueiros assírios colocam em fuga um contigente de árabes montados em camelos. Bando de árabes, .ansiosos por butins, rondavam as fronteiras meridionais da Assíria no Século VII a.C., obrigando Assurbanipal a montar expedições punitivas.



Os assírios eram semitas que habitavam o Norte da Mesopotâmia, tendo uma longa história na região. Entretanto, ao longo desta história, eles estão sob o jugo de reinos mais poderosos da região Sul. Sob o monarca Shamshi-Adad, os assírios tentaram começar a construir seu próprio império, mas Hamurabi da Babilônia logo acabou com tal ambição, os assírios então começando uma longa rivalidade com a Babilônia. Eventualmente, os povos semitas que viviam ao Norte da Mesopotâmia foram invadidos por um outro povo de origem asiática, os Urianos, que migraram para a área e começaram a construir ali seu próprio império. O sonho deste império, entretanto, foi absorvido pelo império Hitita, que acabou com a jovem nação Uriana. Após séculos de tentativas de independência, os assírios finalmente conseguiram formar um estado independente, pois os Hititas não anexaram a seu império cidades assírias. Nos séculos subseqüentes, o equilíbrio de poder mudou do sul para o Norte.

As conquistas assírias começam com o monarca Tukulti-Ninurta (1235-1198 BC), com a conquista da Babilônia. Mas o sonho de um império assírio começou com o monarca Tiglat-Pileser (1116-1090), que estendeu o domínio assírio até a Síria e a Armênia. Entretanto, o grande período de conquistas ocorreu entre 883 e 824, nos reinados de Assurnazirpal II (883-859 BC) e Shalmaneser III (858-824 BC), que conquistou toda a Síria e a Palestina, toda a Armênia, e a vitória sobre todas as vitórias, ou seja, a conquista da Babilônia e do Sul da Mesopotâmia. Os conquistadores assírios inventaram uma nova política em relação aos povos conquistados: a fim de evitar as revoltas nacionalistas dos povos dominados, os assírios forçaram os povos migrarem em grandes números para outras áreas do império. Além de garantira segurança de um império construído à base de conquistas de povos de culturas e idiomas diferentes, estas deportações em massa das populações do Oriente Médio, Mesopotâmia e Armênia tornou a região num caldeirão de diversas culturas, religiões e idiomas. Havia muito pouco deste tipo de contato em tempos anteriores ao dos assírios. Foi o imperador assírio Sargão II (721-705 Antes da Nossa Era) quem primeiro relocou os Judeus após a conquista de Israel, o reino do norte que pertencia aos Judeus. Apesar desta ter sido uma deportação não tão grande, nos moldes da Assíria, ela marca o início do diáspora dos judeus. Este capítulo do diáspora, entretanto, nunca na realidade foi escrito, pois os hebreus deportados parecem ter sido absorvidos pela sociedade assíria, e quando Nabucodonossor II conquistou Judá (587 Antes da Nossa Era),o reino sulista dos hebreus, os israelitas deportados por Sargão II tinham desaparecido, sem nome e sem faces nas areias do Norte da Mesopotâmia.

Os monarcas da Assíria, que detestavam a Babilônia com paixão , uma vez que invejavam a independência da cidade, destruíram-na e mudaram a capital para Nínive. Mais tarde, porém, sentindo que Marduk, o maior deus desta cidade, poderia estar de má vontade para com eles, os Assírios reconstruíram a cidade e retornaram ao Esagila, o maior templo de Marduk na Babilônia, a estátua de Marduk que havia sido roubada por estes. Esarhaddon foi o reconstrutor da Babilônia. O último grande monarca assírio foi Assurbanipal (668-626 BC), que não apenas estendeu o império, mas também começou um projeto de reunir uma biblioteca de tábuas de argila contendo toda literatura da Mesopotâmia. Trinta mil tábuas de argila ainda permanecem na Grande Biblioteca de Assurbanipal na cidade de Nínive. Estas tábuas de argila são nossa única e maior fonte de conhecimento sobre a cultura, mitos e literatura da Mesopotâmia.

Após Assurbanipal, o grande império assírio começa a rachar. Maior pressão foi da parte dos velhos inimigos da Assíria, como os babilônicos. Contando com a ajuda de outro povo de origem semita, os Medes, auxiliados pelos Babilônicos, liderados por Nabuplassar conquistaram a capital assíria de Nínive, incendiando-a completamente, desta forma acabando para sempre com o grande império Assírio.





O ESTADO ASSÍRIO

O estado assírio foi formado no laboratório da guerra, invasões e conquistas. As classes dominantes consistiam praticamente de comandantes militares, tornados ricos pelos saques de guerra. O exército foi o maior de todos no Antigo Oriente e no Mediterrâneo. As exigências da guerra estimularam a inovação tecnológica quefez deles imbatíveis na manufatura de espadas de ferro, lanças, armaduras e veículos de guerra, fazendo do guerreiro assírio um terrivel inimigo em batalhas.





MATEMÁTICA E CIÊNCIA

O estranho paradoxo da cultura assíria foi o dramático crescimento da ciência e da matemática. Este fato pode em parte explicado pela obsessão assíria com a guerra e invasões. Entre as grandes invenções matemáticas dos assírios está a divisão do círculo em 360 grauso, tendo sido eles dentre os primeiros a inventar latitude e longitude para navegação geográfica. Eles também desenvolveram uma sofisticada ciência médica, que muito influenciou outras regiões, tão distantes como a Grécia.



O povo assírio viveu na antiga Mesopotâmia, região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa região que hoje pertence ao Iraque. O Império assírio abrange o período de 1700 a 610 a.C. , mais de mil anos.

Os assírios eram ferozes guerreiros e usavam sua grande força militar para expandir seu Império. Libertando-se dos sumérios, conquistaram grande parte do seu território, mas logo caíram em poder dos babilônios, um povo que morava ao Sul da Mesopotâmia. Em 1240 a.C, empreenderam a conquista da Babilônia, e a partir daí começaram a alargar as fronteiras do seu Império até atingirem o Egito, no norte da África. O Império Assírio conheceu seu período de maior glória e prosperidade durante o reinado de Assurbanipal (até 630 a.C). Cobravam pesados impostos dos povos vencidos, o que os levava a revoltarem-se continuamente.

Ainda no reinado de Assurbanipal, já os babilônios se libertaram (em 626 a.C.) e capturaram Ninive. Com a morte de Assurbanipal, a decadência do Império Assírio se acentuou, e em 610 a.C. a última de suas cidades caiu em poder dos invasores.

A escrita dos assírios constituía-se de pequenas cunhas feitas com um estilete em tabuletas de argila — é a chamada escrita cuneiforme. Descobriram-se milhares de tabule­tas na biblioteca de Assurbanipal em Ninive, conhecendo-se grande parte da história do Império Assírio a partir de sua leitura.

Os palácios de Nínive são cobertos de es­culturas em baixo-relevo, representando cenas de batalha e da vida dos assírios. Também por eles sabemos muito da história desse grande Império do passado.



Cruéis e Soberbos Assírios

Por que os rios dão fertilidade à terra e peixe ao homem, porque suas águas levam as canoas e atraem os pássaros, todos querem permanecer em suas margens. Entre o Tigre e o Eufrates, no chamado Crescente Fértil, a Mesopotâmia estendia-se do Noroeste do golfo Pérsico ao Egito atual. Porque o solo era bom, por que o mais ao redor era deserto, várias nações ali se concentravam. Sem espaço o suficiente para expandir-se: Entre o Tigre e o Eufrates, a guerra foi tão constante como os rios, e os impérios tinham curta duração.

Os acádios sucederam os sumerianos, primeiro povo a se estabelecer na região, por volta de 3.000 a.C. Foram seguidos pelos guti, ferozes guerreiros vindos do Norte. Após os guti vieram os elamitas, por sua vez seguidos pelos amoritas da orla do deserto, chamados "antigos babilônios". Depois os acádios novamente, em seguida os amoritas. E ao império subseqüente, o dos cassitas, foi anexada a Assíria, pequeno reino no planalto de Assur, a 800 km da nascente do Tigre, no norte da Mesopotâmia.

O povo assírio havia assimilado e preservado toda a cultura até então acumulada, mas os cassitas, muito primitivos, agora estavam pondo tudo a perder. Por volta de 1.300 a.C. os assírios começaram a recuperar terreno, expandem-se impetuosamente, e no século X a.C. tomam aos cassitas o que ainda lhes restava no vale do Tigre e Eufrates. E então a Síria, a Fenícia e a Palestina (exceto o reino de Judá) e o Egito - quase todo o mundo civilizado da época - passaram às mãos do pequeno reino do Norte, que assim evoluiu para um império. Ele se agigantou, é certo. Mas deseqüilibradamente. Sem um sistema administrativo integrado. Sem unidade, a não ser pela força. Submetidas a repressão feroz, as nações subjugadas se rebelaram tão logo o despótico governo sediado em Nínive deu os primeiros sinais de fraqueza.

Foi um rápido declínio, depois do apogeu alcançado nos séculos VIII e VII a.C., em que reinaram Sargão II (772 - 705), Senaqueribe (705 - 681) e Assurbanípal (668 - 626). O golpe fatal coube aos caldeus, nação semita no sudeste da Mesopotâmia, que integrava o império assírio. Liderados por Nabopalassar, que servira os imperadores como governador provincial, os caldeus organizam uma revolta que culmina com a queda de Nínive, em 612 a.C.

"Em um mês de dias, dominei o Elam em toda sua extensão. A voz dos homens, os passos do gado, grande e pequeno, os gritos de alegria, extirpei-os dos campos, onde deixei que se estabelecessem os onagros, as gazelas e toda espécie de animais selvagens". Assurbanípal assim descrevia o massacre dos elamitas. E com certo orgulho. As condições de vida fizeram dos assírios uma nação de guerreiros. Seja pela necessidade de aumentar o pequeno território, seja pelo perigo constante de um ataque dos vizinhos hostis. E as exigências de guerra - tida por ocupação honrosa - marcaram roda a civilização assíria, desde a organização político social até sua arte.

Mais honrosa só a ocupação do rei. O senhor absoluto e onipotente, mas não onipresente precisava ser representado nas províncias do império em formação. Escolhia, pois, governadores para as regiões, ligadas por um sistema de comunicações que foi o primeiro serviço postal do mundo. Uma rede de mensageiros cada qual em um ponto-chave das principais rotas, levava deliberações e notícias do rei para os sessenta cantos do império.

Mas o real poder dos reis era a força dos exércitos. O número do quadro permanente era maior do que qualquer outro do oriente médio. Espadas de ferro, longas lanças, aríetes, escudos, couraças, capacetes metálicos, faziam de seu equipamento o melhor daquela época e naquele meio. Para sustentar tão dispendiosa milícia lançava-se mão de pilhagens de tributos do povo. E a velha arma, a mais freqüentemente usada de domínio dos povos, o terror, era usada de modo sistemático pelos assírios, o que lhes granjeou a fama de gente arrogante para castigar os insubordinados, mandavam esfolá-los e mutilá-los vivos. Depois engaiolavam-nos para públicas exibições. Arrasar populações inteiras e reduzi-las a escravidão, impunha a supremacia, a despeito da administração rudimentar de seu Estado ou da superioridade técnica e numérica dos exércitos. Aos poucos, porém, o exército foi se enfraquecendo, pois os militares delegavam seus deveres a subordinados, e iam divertir-se nas cidades grandes. A vingança é um jogo fácil de armar. Uma a uma, as nações subjugadas conspiraram contra os assírios, até destruí-los. Quando os caldeus os dominaram, de Nínive foram exterminadas até mesmo suas sombras. Isso quase apagou os traços da influência assíria na história subseqüente.



A arte profana

"Tabiru" é o nome de um portão, entre trezentos outros que se abriam ou fechavam nas muralhas da cidade de Assur. A muralha de Nínive tinha 4 km de extensão, e Dur-Sharrukin, cidade-palácio de Sargão II, 3 km² de edifícios. Monumental a arquitetura assíria, toda baseada em um só esquema: pátios centrais rodeados de aposentos. O aspecto dos edifícios era maciço, por terem um único andar, sem janelas laterais penetrando a luz por aberturas no teto, verdadeiros terraços. As paredes de tijolo de argila - por que as pedras escasseavam - eram decoradas interna e externamente com inscrições e esculturas. Principalmente baixos-relevos. A nota dominante da escultura assíria é o movimento. O manancial de inspiração não inclui os deuses, só os homens: seus reis, suas guerras, suas caças. Assurbanípal é freqüentemente representado caçando leões. Sua figura de soberano destaca-se das demais pelo porte, estatura e traços nobres. Em sua época a arte assíria atinge seu apogeu. Na escultura, a quantidade de músculos raia o sobrenatural, num estilo só repetido em Michelangelo. A imagem em seu todo é contida, rígida, o rosto imóvel. Se expressa algum estado, é o de tranqüilidade. Dos rostos vencidos não transparece nem submissão nem terror, a posição dos corpos por vezes sugere esses sentimentos. Na pintura mural, a mesma motivação se repete. Entre artes menores, teve grande importância a gravação de sinetes para assinatura de documentos.



Deuses de formas humanas

Ao norte da cidade de Assur, Senaqueribe mandou construir um jardim, nele ergueu um edifício, destinado às celebrações do ano novo. Supunha-se que nessa ocasião os deuses assírios rejubilavam pela vitória de Assur sobre o demônio Tiamat. A religião dos assírios em muitos pontos comum à dos babilônios e sumerianos era antropomórfica: Todas as divindades tinham formas humanas e não de animais. Dentre eles, Sin (Lua), Chamah (Sol), Nabu (Eufrates), Nibid (Sol levante), Nergal (Sol meio-dia), Adad (Tormenta), Enlil (Terra), Ea (Água). Mas Assur era o Deus superior. Essa disposição hierárquica foi o primeiro passo para o monoteísmo, Inspirou os hebreus na conceituação de Deus Universal.




O Comércio Proibido

Não sendo rei nem militar, assírio algum teria ocupação. O comércio lhes era proibido, por ser considerado ignóbil. Os estrangeiros eram quem exerciam esse tipo de atividade, ou os arameus, povo subjugado pelos assírios, de características próximas à dos fenícios e dos hebreus. A agricultura era praticada pelos escravos, dela provinha o sustento dos assírios. As terras pertenciam aos reis, aos templos ou aos militares, donde se conclui que a população rural era extremamente pobre. Também na cidade, todos os serviços eram realizados por escravos, domésticos ou prisioneiros de guerra. A estes cabia o trabalho mais pesado.



A mulher sem direito

A pena de talião - olho por olho, dente por dente - que constava do código de Hamurabi, rei dos babilônios e o primeiro a coligir as leis, não foi adotada pelos assírios. Não há provas de que outras leis do código tivessem prevalecido entre eles. Mas a influência que exerceu sobre o direito assírio foi enorme. Algumas leis assírias determinavam a inteira sujeição da mulher; a esposa era tida como objeto de uso do marido. Só ele tinha direito ao divórcio e a poligamia. Enfim, a mulher era totalmente denegrida, e ai daquela que não cobrisse o rosto com véus. Os documentos da Cultura "Ó pai dos deuses, supremo ser que habita a Grande Montanha dos Campos, lembra-te da cidade, do povo e do palácio real. Dá a grande paz à minha alma e aos meus exércitos". O tratamento é na primeira pessoa. O tom solene dirigido a Assur. A escrita é cuneiforme, gravada em tabuletas de mármore: trata-se de uma carta de Zargão II a Assur, uma espécie de relatório de seus feitos ao deus vivo. Vinte e duas mil tabuletas semelhantes, em mármore e barro, eram colecionadas na Biblioteca em Nínive, talvez a primeira do mundo. Nem sempre eram cartas. Também coligiam todos os conhecimentos dos povos do império assírio. Algumas continham fórmulas mágicas, contratos comerciais, crônicas militares.



A História reconstituída

Esses documentos foram de grande valia para a reconstituição da história dos assírios e dos demais povos da Mesopotâmia. Através deles soube-se que os assírios dividiram o círculo em 360 graus; que localizaram pontos da Terra através de um sistema parecido com as atuais coordenadas geográficas. Os assírios estudaram o céu, reconheceram e denominaram cinco planetas. Na medicina catalogaram mais de 500 drogas, com as indicações para seu uso. Algumas eram potagens repugnantes destinadas a expulsar demônios do corpo do doente, pois acreditava-se que eles trouxessem as doenças.

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