Uma equipe internacional de arqueólogos investigou as ruínas de Abu Rawash, perto de Gizé, e descobriu que ali se ergueu a mais alta pirâmide egípcia, construída pelo misterioso faraó Djedefré, filho e sucessor do grande Queóps
Uma equipa internacional de arqueólogos, chefiada pelo francês Michel Valloggia, afirma que a pirâmide arruinada do faraó Djedefré, em Abu Rawash, era sete metros mais alta do que a grande pirâmide de Quéops, em Gizé, que tinha originalmente 146,6 metros de altura. Esta sensacional descoberta é contada pelo El Mundo, na sua edição de ontem, e resulta de 12 anos de escavações. Os pormenores serão objecto de um documentário do Canal História, a transmitir dentro de meses.
A investigação dos arqueólogos em Abu Rawash desfez vários mitos. Pensava-se que estas ruínas, que se situam a oito quilómetros de Gizé, pertenciam a uma pirâmide com altura entre 57 e 67 metros e base de apenas 106 metros de lado. Os novos dados indicam que os lados da base tinham na realidade 122 metros e a inclinação era muito mais acentuada.
Mais importante ainda, para a compreensão da história da IV dinastia, sabe-se agora que a pirâmide foi completada e a sua destruição não resultou de conflitos no Antigo Egipto, mas de uma pilhagem muito posterior, que começou durante a ocupação romana.
Abu Rawash, um pouco a norte de Gizé, sempre constituiu um mistério para os egiptólogos. Pensava-se que as ruínas da pirâmide de Djedefré eram o resultado de esta não ter sido concluída. Admitia-se também que o faraó, que reinou apenas oito anos, teria sido assassinado pelo seu meio-irmão e sucessor, Quefrén, que deu nome à segunda maior pirâmide de Gizé. Estas ideias perderam agora a sustentação e surge um retrato bem mais pacífico da dinastia. Mantém-se o mistério pelo facto de Djedefré ter escolhido um local diferente para erguer a sua pirâmide. O pai do faraó, Queóps, construíra o seu gigantesco túmulo em Gizé, e o sucessor de Djedefré, Quefrén, regressara ao local. Daí ao mito da conspiração familiar foi um pequeno passo. Quéops reinou entre 2589 e 2566 a.C. e o seu filho Djedefré foi faraó entre 2566 e 2558. Mas o papel deste na história terá de ser revisto: apontado como um faraó frágil, com problemas de legitimidade, foi afinal um construtor ambicioso, que pode estar ligado à famosa esfinge. A pedra da sua pirâmide foi usada durante milénios na construção da cidade do Cairo, que é muito próxima de Abu Rawash. Hoje, no local, restam ruínas com escassos metros de altura. Os artefactos foram completamente saqueados. Abu Rawash é uma zona militar, fechada, mas poderá ser visitada por turistas a partir de 2009. Segundo o director das antiguidades egípcias, Zahi Hawass, citado pelo El Mundo, as escavações neste local permitiram compreender melhor "a história da IV dinastia, as lutas pelo poder e parte do mistério da construção das pirâmides". |
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