terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PROMETHEU ACORRENTADO E A CAIXA DE PANDORA ...







Prometeu acorrentado e a Caixa de Pandora





Antes que o Céu e o Mar fossem criados, tudo era Um. Isso é chamado de Caos. A terra, a água e o ar eram um só. A terra não era sólida, nem a água líquida; o ar não era transparente. Mas quis-se que tudo mudasse. E assim foi feito: a terra foi separada da água e, sendo mais pesada, ficou em baixo; a água tomou os lugares mais baixos da terra e a molhou; e o ar, separado de ambos, ficou no alto, formando o céu.

Algum deus desconhecido, então, deu ainda maior ordem à terra. Apontou aos rios e baías seus lugares, cresceu montanhas, abriu vales, distribuiu as árvores, fontes, solos férteis e planícies. Quando o ar tornou-se ainda mais puro, as estrelas começaram a brilhar no céu; aos peixes e a alguns outros seres foi dada a possessão do mar; aos pássaros, o ar; e aos outros seres a terra.

Porém, um animal mais nobre, onde um espírito pudesse ser alojado, tinha que ser feito, e surgiu, pois, o Homem. E à Terra foi Prometeu, que descendia da geração de gigantes destronados por Zeus. Era filho de Japeto, que era filho de Urano (Céu) e de Géia (Terra). Sabia ele que nas entranhas da terra dormiam algumas sementes dos céus. Pegou, então, em suas mãos um pouco de terra e molhou-a com a água de um rio e obteve argila; moldou-a, cuidadosamente, carinhosamente, até obter uma imagem que fosse semelhante à dos deuses.

Mas faltava dar vida àquele boneco; Prometeu, então, procurou nas almas dos animais por características boas e más e, achando-as, colocou-as, uma a uma, dentro do peito do homem. E o homem adquiriu vida.

No entanto, ainda faltava alguma coisa, algo mais forte... o Sopro Divino. O deus tinha uma amiga entre os deuses (comandados por Zeus), Atena, deusa da Sabedoria. Esta admirou a obra do filho dos Titãs e insuflou naquela imagem semi-animada um espírito. E os primeiros seres humanos passaram a caminhar sobre a terra, povoando-a.

Não sabiam, entretanto, como fazer uso da natureza, nem dos animais; nem dos seus braços e de suas mãos. Nem da centelha divina com a qual haviam sido presenteados. Podiam ver, mas não percebiam a terna beleza do céu; podiam comer, mas não sentiam o doce sabor das amoras; podiam escutar, mas não sonhavam com o barulho das cascatas.

Não sabiam fazer nada; não tinham o conhecimento de como amolar as pedras para cortar melhos a pele dos animais; não sabiam fazer suas casas e moravam e cavernas; não sabiam como pescar os belos peixes azuis, pois não conheciam os meios de fazê-lo. Rastejavam como vermes e viviam na escuridão, sem saber das Quatro Estações.

Do alto, Prometeu sentiu pena e desceu à Terra novamente para ensiná-los a ver as estrelas; ensinou-os a cantar e a escrever; mostrou como fazer para subjugar os animais mais fortes; demontrou-lhes como fazer barcos e velas e como poderiam navegar; ensinou-os a enfrentar as variantes diárias da vida e a fazer unguentos e remédios para suas feridas. Por último, deu-lhes o dom da Profecia, para o entendimento dos sonhos; mostrou-lhes o fundo da Terra e suas riquezas minerais: o cobre, a prata e o ouro e a fazer da vida algo mais confortável.

Na abóboda reinava Zeus e os seus. Havia, há pouco tempo, destronado seu pai, Cronos (Tempo). Foi o fim da Antiga Geração de deuses, dos quais Prometeu fazia parte. No entanto, cabe salientar que Prometeu manteve-se afastado da guerra entre os deuses e os Titãs, tendo, inclusive, feito algumas profecias à respeito. Zeus e seus filhos voltaram sua atenção para a recém-criada humanidade e dela exigia honras e sacrifícios, oferecendo, em troca, sua proteção.

Os mortais e os imortais, então, se encontraram em Mecone (Grécia) para decidir as obrigações e direitos dos seres humanos. Prometeu interviu como legítimo advogado das suas criaturas e pediu aos deuses que não cobrassem muito por sua proteção. Neste ponto, Prometeu teve a idéia de enganá-los. Pelos seres humanos, sacrificou um enorme e belo touro e dividiu-o em duas partes e disse aos deuses do Olimpo que escolhessem uma delas. Antes, porém, em um dos montes colocou apenas os ossos e cubriu-o cuidadosamente com o sebo do bicho, fazendo-o parecer maior que o outro monte, de carne, entranhas e gordura, coberto com a pele do animal.

Zeus, o pai dos deuses, que tudo sabe, percebeu logo a jogada e, irônico disse: "Filho de Japeto, honrado rei, bom amigo, como você dividiu desigualmente a vítima do sacrifício!". Prometeu teve a certeza que o deus estava sendo enganado com sucesso. "Honrado Zeus, maior dentre todos os deuses imortais, escolha a parte que seu coração desejar!" - disse. O maior de todos os deuses pegou o monte maior, propositadamente, e ao descobrí-lo disse, com raiva em seu coração: "Vejo que não se esqueceu da arte de enganar". E vingou-se, pois, dele, recusando aos homem o último dos dons para manterem-se vivos: o fogo.

Mas o jovem deus sabia que havia um modo de trazer o fogo à Terra e esperou a carruagem do Sol passar; com um caule de nártex tocou-a e fez-se em incandescente brasa. Logo a primeira semente do fogo do Sol foi utilizada em fogueiras. Zeus sentiu-se irado ao ver que o novo brilho que emanava da Terra era o do fogo. Sem poder tirar o conhecimento de como obter o fogo dos homens, arquitetou um outro malefício.

Poucas horas depois, Hefesto chegou com uma estátua de pedra que retratava uma belíssima e encantadora donzela. Fôra pedida por Zeus. Ela linda, e clara como a neve. Atenas, que tinha ciúmes de Prometeu, vestiu a estátua com um manto branquíssimo e brilhante, cobriu-lhe a face com um véu, coroou-lhe a cabeça com flores silvestres e cingiu-a com uma tiara de puro ouro ornamentado com desenhos de animais.

Hermes, o mensageiro, deu graciosa fala à criatura e Afrodite deu-lhe o dom de encantar a tudo e a todos com seu amor. E da forma mais perfeita fez-se o malefício. Zeus a chamou de "aquela que possui todos os dons", Pandora. Chamou-a assim pois todos os imortais tinham dado à donzela algum mal para a humanidade. E, finalmente, foi mandada para a Terra onde todos se encantaram com sua estupenda beleza e graça.

Pandora procurou Epimeteu (nome que significa "aquele que pensa depois") , que era irmão de Prometeu (nome que significa "aquele que prevê"), para trazer o presente de Zeus. A humanidade era feliz, e vivia sem muito trabalho ou doenças, orientada pelo seu criador que, aliás, orientou o irmão a nunca receber nada do deus olímpico.

Epimeteu, porém, estava por demais encantado e não seguiu o conselho fraterno. Pandora levava em suas mãos um grande vaso, fechado. Diante dele, abriu-o e, de dentro, o mal, como nuvem negra, saiu e não demorou muito para cobrir todo o planeta. Havia apenas um único dom benéfico, a esperança, mas antes que esta pudesse escapar a tampa do vaso foi fechada e esta ficou presa para sempre.

A Terra tomou-se de dor, as doenças, silenciosas, matavam famílias inteiras. As primeiras lágrimas cortaram a face nova do homem novo. Não suficientemente contente, Zeus resolveu vingar-se do próprio Prometeu, entregando-o a Hefesto, seu filho, e a seus seguidores, Krakós e Bia (o Poder e a Violência).

Levaram-no para o deserto da Cítia e lá, foi preso à parede de um abismo horrendo com correntes inquebráveis, em um penhasco na montanha caucasiana. É certo que Hefesto cumpriu tal tarefa à revelia, pois gostava do deus e assim como ele, descendia de seu bisavô, Urano.

E foi Prometeu preso à rocha, de pé, sem poder dormir e incapaz de dobrar os joelhos fatigadosOceano, contrariado, alertou-o dizendo que suas lamentações seriam em vão, pois as decisões de Zeus eram irrevogáveis. Sua tortura deveria durar para toda a eternidade. Prometeu gemia e gritava alto, chamando os elementos da natureza para testemunhar sua dor; mas permanecia inabalado seu espírito.

Permaneceu impassível diante das ameaças de Zeus, que queria que ele clarificasse uma profecia que afirmava que o deus dos deuses cairia devido a um casamento. Zeus ainda ordenou que um abutre devorasse todos os dias o fígado do prisioneiro, que sempre se reconstituía à noite. E profetizou que seu sofrimento só terminaria quando um homem puro e bom morresse em seu lugar. Mas Prometeu sabia que o dia da sua liberdade haveria de chegar, assim como conhece seu destino e de todos os outros (Prometeu: aquele que prevê).

Depois de anos preso e sofrendo, Hércules passou por ali e viu o exato momento em que a ave divina destroçava o fígado de Prometeu. Não pensou duas vezes e lançou sobre ela uma flecha veloz e mortal. Depois libertou-o das pesadas correntes. Os dois seguiram viagem juntos. Mas faltava cumprir com a exigência de Zeus; Quíron, um centauro, antes imortal, aceitou morrer por ele.

Mesmo assim, o senhor dos deuses, obrigou Prometeu a usar um anel com uma pedra encrustada. Era uma pedra retirada do Cáucaso, onde esteve preso. Poderia, assim, vangloriar-se dizendo que seu inimigo continuava preso à montanha.



Na ordem do dia, A caixa de Pandora “é uma expressão muito utilizada quando se quer fazer referência a algo que gera curiosidade, mas que é melhor não ser revelado ou estudado, sob pena de se vir a mostrar algo terrível, que possa fugir de controle” . Sem entrar na questão sobre o algo terrível que veio a tona lá em Brasília, o nosso interesse é explicar a origem da expressão e sua relação com a geometria. Qual, afinal, seriam as dimensões da caixa de pandora? A de Brasília deve ser muito grande, para caber tudo aquilo. Mas quanto à caixa mitológica, qual seria precisamente o seu tamanho?

Primeiro tratemos da origem da expressão. Ela vem da mitologia grega, que conta sobre a caixa que foi enviada com Pandora a Epimeteu – irmão de Prometeu- como um presente de Zeus. Pandora foi a primeira mulher que existiu na Terra, criada por Zeus para castigar os homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar do céu o segredo do fogo. Prometeu e seu irmão, pertencentes a uma raça gigantesca que antecedeu o homem sobre a Terra, foram encarregados pelos deuses de fazer tanto a criatura humana como os animais, dando a cada um deles as necessárias condições de sobrevivência. Epimeteu encarregou-se da tarefa de atribuir aos bichos os dons e atributos de que eles precisariam para sobreviver (como velocidade, rapidez, valentia, asas, garras, dentes, guelras, etc.). Quando chegou o momento de produzir o homem, que deveria ser superior aos demais seres que com ele compartilhariam a vida terrena, já não dispunha mais dos recursos necessários. Desorientado, ele recorreu ao irmão, que para socorrê-lo subiu ao céu e lá acendeu sua tocha no carro de Hélios, o deus-sol, trazendo o fogo para o homem e dando-lhe, assim, o recurso com que poderia subjugar as outras espécies vivas.

Zeus irritou-se com a atitude de Prometeu, e desejando puni-lo pela audácia cometida, enviou-lhe a recém-acabada Pandora, mas o titã a recusou polidamente. Prometeu foi preso e condenado a ficar acorrentado no alto de uma montanha, aonde, todos os dias, uma águia gigante vem comer-lhe as vísceras, que são regeneradas à noite, ficando fadado, portanto, a sentir dores por toda eternidade. Pandora foi oferecida a Epimeteu, que ignorando a advertência do irmão a tomou como esposa. Epimeteu acabou abrindo a caixa trazida por Pandora, liberando os males que haveriam de afligir a humanidade dali em diante: o trabalho, a doença, a loucura, a mentira, a paxão, a inveja, a velhice, a guerra e a morte. No fundo da caixa, no entanto, permaneceu a Esperança, que fortifica o homem e lhe dá condição de enfrentar todos os males com que a vida o maltrata.

Quando às dimensões da Caixa de Pandora, prezado leitor, a mitologia não faz referências. Teremos que depender da imaginação de cada um para saber o tamanho de uma coisa que não existe.




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