quarta-feira, 26 de maio de 2010

VAMPIROS NO LESTE EUROPEU !!

Montague Summers narra a viagem de três cavalheiros ingleses, em 1734, pelo Leste Europeu. Eles ouvem a narrativa do Barão Valvasor dizendo que algumas partes do país sofriam uma terrível epidemia de vampiros. Os cavalheiros escutam que os vampiros são os corpos de pessoas falecidas, animadas por espíritos que se esgueiram para fora das sepulturas à noite. Esses seres vivem de se alimentar do sangue dos vivos. Não há lugar mais associado ao vampiro que o Leste Europeu. Por mais que sejam religiosamente diferentes, eles dividiram uma mitologia e centenas de casos de vampirismo.

Os primitivos eslavos tinham como divindade, dentre outras, Swetovid, o olho do mundo, deus negro, criador do bem e do mal. As cordilheiras dos Montes Cárpatos, desde Brabilow até a Valáquia e Saxônia, separavam-nos das hordas invasoras — os hunos, ávaros e búlgaros. Se, por um lado, os Cárpatos não os deixaram ser destruídos, por outro, os povos que atravessavam a região propiciavam uma mescla de culturas e folclore. Eles tiveram uma grande mitologia ligada ao vampiro, que de uma forma ou outra influenciou e foi influenciada por povos vizinhos. Na Albânia, o Vampiro era conhecido como Kukuthi, Kukudhi, Lugat, Vorkolaka. Há a crença, na Albânia, de que se o vampiro não for descoberto, por mais de trinta anos, ele adquire a capacidade de andar à luz do Sol. Leva, a partir desse tempo, uma vida de humano — este é o Kukudhi. A sua destruição é ou pela tradicional via da estaca e do fogo ou pelos lobos. Fora esse tipo de vampiros, os albaneses também conhecem o Vrykolakas.

Na Bulgária há o Vorkolaka, a alma de um criminoso que assombra o local de sua morte, atacando e sugando o sangue dos que passam nas imediações. O Vorkolaka é urna alma presa à terra, não podendo ir nem para o céu nem para o inferno. O local é liberto da maldição com cerimónias religiosas e erguendo-se uma cruz no local.

Outra forma de vampiro na Bulgária é o Obour, que nove dias após seu sepultamento já emite seus primeiros sinais. A princípio como um fogo fátuo que brilha na escuridão; quando passa por uma luz, uma leve sombra é projectada. Depois disso, faz um enorme estardalhaço, agindo como um poltergeist, destruindo pertences das pessoas e cuspindo sangue. Após quarenta dias, o Obour adquire aparência humana sólida, podendo levar a vida de uma “pessoa normal”.

Para destruir o Obour, ele deveria ser atraído por iguarias que lhe excitassem o paladar, como excremento humano, por exemplo. Isso era colocado dentro de uma garrafa, e quando ele entrasse nela seria arrolhado e destruído. Ícones sagrados podiam ser usados para compeli-lo a entrar na garrafa.

Ustrel, de acordo com James Fraser em Ramo d’Ouw, é uma criança nascida num sábado, que morre sem batismo. Nove dias após o enterro, o Ustrel sai de sua sepultura e volta seu apetite contra um rebanho de gado que esteja nas redondezas. Quando está suficientemente forte, não precisa voltar mais à sepultura, morando nos corpos dos animais, ora nos chifres de um touro, ora no úbere de uma vaca, ora na lã de um carneiro. Para combatê-lo, os aldeões fazem num sábado duas grandes fogueiras numa encruzilhada, ossos são colocados por onde todos os rebanhos passam, e todos os outros fogos da comunidade são apagados.

Quando a manada vai passando entre as duas fogueiras, o Ustrel se lança de seu animal hospedeiro e cai na encruzilhada. O local deve ser freqüentado por lobos, para que dessa forma a alcatéia destrua e devore o Ustrel. Os búlgaros também acreditavam que o vampiro podia deixar descendência, fruto do morto-vivo com uma mulher. Essa criança seria provida de dotes paranormais muito estimados para detecção e destruição do Vampiro.

Na Eslováquia há o Nelapsi, um predador de gado e seres humanos, que pode trazer uma peste e dizimar populações inteiras. No distrito de Zemplin, os aldeões crêem que o vampiro tem dois corações e duas almas. As pesquisas sobre o Nelapsi foram feitas por Jan Mjartan em uma viagem ao campo em 1949, e os resultados foram publicados com o nome de Povery de Vampirskev Zempline.

Na Polônia Oriental, o nome mais comum para um vampiro era Upier ou Upior. Os mesmos nomes podem ser achados nos países vizinhos da Ucrânia e Bielorússia. O vampiro polaco mantém estreita semelhança com os vampiros das nações vizinhas.

Dom Augustine Calmet descreve a acção deste tipo de vampiros: “O oupire come a mortalha feita de linho, que o envolve, como primeiro passo de seu reavivamento. O oupire pode aparecer do meio-dia à meia-noite. A noite, ele ataca seus amigos e especialmente seus parentes, abraçando-os e sugando-lhes o sangue. O modo para destruir um oupire é exumar o cadáver e então decapitá-lo e abrir seu coração.”

O sangue que escorria do ferimento servia para curar as vítimas dos ataques. Essa prática não se restringia à Polônia, já que na Romênia se comiam pedaços do vampiro, em especial cinzas do coração. Além do Upier havia a Upierzyca, sua contraparte feminina. Na exumação do Upier, o cadáver muitas vezes apresentava movimento dos olhos, língua e um bom estado de conservação geral. Além de devorar a própria mortalha, devorava inclusive partes de seu próprio corpo.

John Heinrich Zopfius, em sua Dissertação sobre Vampiros Sérvios, de 1733, diz: “Vampiros vagam à noite, saindo de suas sepulturas, e atacam pessoas que dormem tranqüilamente nas suas camas, sugam todo o sangue de seus corpos e os matam. Eles atacaram homens, mulheres e crianças, não poupando idade nem sexo. Esses que estão sob a malignidade fatal da influência dos vampiros reclamam de sufocação a uma deficiência total, depois das quais eles logo expiram. Alguns a quem, quando às portas da morte, foi perguntado se poderiam contar o que estava causando seu falecimento, respondiam que o morto retornou da tumba para retirar a vida dos vivos.”


vampiros

Para os sérvios, um lobisomem em vida seria um vampiro na morte, e assim os dois são muito proximamente relacionados. Alguns distritos pensaram até mesmo que pessoas que comiam a carne de uma ovelha morta por um lobo poderiam se tornar vampiros depois de morrer. Porém, os eslavos mantinham bem distintos os dois termos, sendo vampiro o morto que retorna para atacar os vivos e lobisomem alguém que se transforma em lobo. Havia também o Mahr que, ao que tudo indica, era a alma de alguém que retornava em busca de sangue. Poderia atacar parentes ou não. O Mahr, que podia inclusive estar vivo, causaria obsessão. O modo de destruí-lo é similar ao de outros vampiros, achando sua toca e expondo-o à luz solar, e cravando uma estaca em seu coração. Na Bulgária, são chamados Morava; na Polônia, Mora.



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